O Caráter de Cristo



     “Então o diabo o deixou; e eis que chegaram os anjos, e o serviram”.  (Mateus 4:11)  Essa escritura deixa claro que anjos vieram e ministraram ao Salvador depois que o diabo partiu. E indubitavelmente Jesus teria Se bene ciado e sido abençoado com tal ministração celestial em um momento de necessidade física e espiritual. Entretanto, a Tradução de Joseph Smith de Mateus 4:11 nos dá uma visão impressionante do caráter de Jesus Cristo. Observem as importantes diferenças no versículo 11 entre a versão do rei Jaime da Bíblia e a Tradução de Joseph Smith.
“Então o diabo o deixou. E eis que Jesus soube que João fora atirado na prisão, e ele [Jesus] enviou anjos; e eis que eles foram, e ministraram a ele [João].”
É importante ressaltar que as revisões encontradas na Tradução de Joseph Smith melhoram signifcativamente nossa compreensão desse evento e revelam o caráter de Jesus Cristo — Suas qualidades íntegras e morais fortemente desenvolvidas e consistentemente vividas. Os anjos não vieram e ministraram ao Senhor; antes, em Seu próprio estado de angústia espiritual, mental e física, Ele enviou os anjos para ministrar a João Batista. Observem que Jesus, em meio a Seus próprios desa os, foi capaz de reconhecer a situação de João, que estava passando por um desa o menor do que o do Salvador, e agir adequadamente em relação a ela. Consequentemente, o caráter de Cristo foi manifestado quando Ele estendeu a mão e ministrou a alguém que estava sofrendo, assim como Ele mesmo estava vivenciando angústia e tormento. 
Em situações semelhantes, vocês e eu, como homens e mulheres naturais, provavelmente nos preocuparíamos com nós mesmos, em autocomiseração, autopiedade e egoísmo. Sempre me pergunto o seguinte ao ponderar sobre essa e outras passagens que relatam o que ocorreu pouco antes da traição e também do sofrimento do Salvador no jardim: Como Ele poderia orar pelo bem-estar e pela união de outras pessoas momentos antes de passar pela Sua própria angústia? O que O tornou capaz de buscar paz e consolo para aqueles cujas necessidades eram muito menores do que as Dele? À medida que a natureza decaída do mundo que Ele criou O a igia cada vez mais, como Ele conseguiu Se concentrar total e exclusivamente na situação e nos problemas alheios? Como o Mestre foi capaz de estender a mão aos outros quando normalmente uma pessoa mortal se recolheria? Novamente, a declaração poderosa do élder Maxwell responde a todas essas perguntas:
“O caráter de Jesus foi necessariamente a base de Sua extraordinária Expiação. Se Jesus não tivesse esse caráter sublime, não teria havido uma Expiação sublime! Seu caráter permitiu que Ele ‘[sofresse] (...) tentações de toda espécie’ (Alma 7:11), no entanto, ‘não lhes deu atenção’ (Doutrina e Convênios 20:22)”.
Jesus, Aquele que mais sofreu, tem enorme compaixão por todos nós que sofremos muito menos.  O Salvador usou Seus poderes divinos para restaurar a orelha ao soldado — uma demonstração de Sua divindade que Ele nunca usou a Seu favor.  Assim, o caráter de Cristo está em olhar além de Si com compaixão e servir ao enfrentar a adversi- dade espiritual e a dor física, ao contrário do homem natural em cada um de nós, que se preocupa consigo mesmo em autocomiseração e egoísmo. 
Na mortalidade, como filhos e filhas de nosso Pai Celestial, podemos procurar ser abençoados com os elementos essenciais do caráter de Cristo e desenvolvêlos. Certamente é possível para nós, mortais, esforçar-nos para viver em retidão a m de recebermos os dons espirituais associados à capacidade de olhar além de si e de agir adequadamente em relação às pessoas que passam pelos mesmos desa os ou adversidades, que violenta e imediatamente oprimem nossa própria vida. Não se obtém essa capacidade por pura força de vontade ou por determinação pessoal. Mas sim, precisamos e dependemos dos “méritos e misericórdia e graçado Santo Messias”.  Mas “linha sobre linha, preceito sobre preceito” e “com o correr do tempo”, aumentaremos nossa capacidade de estender a mão a outras pessoas, mesmo que nossa tendência natural seja que com nós mesmos.
 Nas próximas semanas, meses e anos, quero pedir a cada um de vocês que pense em estender a mão para ajudar os outros quando o seu primeiro instinto for estender a mão para dentro. Nem sempre será fácil, mas como se costuma dizer, valerá a pena. Quando você estiver cansado, triste, sozinho ou com uma infinidade de outras emoções, procure o exterior - levante outra pessoa. Este é verdadeiramente o caráter de Cristo.

      Com amor,


Presidente e Sister Taylor

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